O muriqui-do-norte é um dos primatas mais raros do mundo. Criticamente ameaçados de extinção, os últimos indivíduos da espécie ocorrem em pequenos trechos de Mata Atlântica conservada no Sudeste do Brasil. Com cerca de 1,3 metro de comprimento e pesando 9 kg, eles andam em bandos de até 100, vivem por cerca de 28 anos e são poligâmicos – as fêmeas escolhem seus parceiros e os machos fazem fila, ninguém se enfrenta.
Quase tudo isso que sabemos sobre esses macacos vem das mãos, olhos e orientação da norte-americana Karen Strier, antropóloga, professora, presidente da Sociedade Internacional de Primatologia e um dos nomes mais reconhecidos da primatologia mundial. Strier ainda mora e trabalha nos Estados Unidos, mas há mais de 35 anos fundou e ainda coordena o projeto Muriquis de Caratinga, no Vale do Rio Doce, interior de Minas Gerais. Para conhecer esta quarta personagem do especial Mulheres da Conservação, aproveitamos uma das viagens anuais que Karen faz ao Brasil para orientar os bolsistas do projeto.
Mas assim como aconteceu na reportagem de Neiva Guedes e as araras-azuis – quando queimadas devastaram um enorme trecho das fazendas onde as pesquisas eram conduzidas alguns dias depois de partirmos – e Beatrice Padovani – os corais que ela estudo estavam sob risco de serem atingidos pelo óleo que sujou boa parte do litoral do Nordeste –, nossa chegada em Minas Gerais para acompanhar o trabalho de Karen Strier precedeu outra tragédia. Alguns dias depois de terminarmos as saídas de campo, o estado começou a ser atingido por uma série de tempestades que mataram 59 pessoas e deixaram mais de 50 mil desalojadas ou desabrigadas.
A pesquisadora passou 14 meses visitando a mata diariamente e passava, em média, 12 horas sozinha, em silêncio, observando a floresta e acompanhando um grupo de 22 indivíduos. De certa forma, essa barreira natural da língua foi determinante para o período de observação e descobertas sobre o animal.
Os muriquis-do-norte são hipnotizantes. A cara com marcas esbranquiçadas permite que cada um tenha uma caraterística única de identificação. E o método de desenho manual é fundamental para a pesquisa. “Cada pesquisador faz a sua interpretação. Cada um tem seu jeito de vê-los”, conta Karen.
Caminhava conosco uma estudante bolsista do projeto, Camila Barrios, que já estava acompanhando o grupo do Matão desde as primeiras horas da manhã. Outras duas bolsistas monitoravam o grupo Jaó, que frequenta áreas mais distantes da sede. Este ano, a equipe de estudantes é 100% feminina.
“Este é o estudo sobre primata em área neotropical de longo prazo mais antigo e dentre os mais importantes do mundo”, me conta o primatólogo Russell Mittermeier em entrevista por telefone. “Não há ninguém no mundo que fez tanto para treinar pessoas em um país tropical no estudo de um primata tão importante. Karen merece todo reconhecimento. Ela fez muito para o desenvolvimento da ciência e da primatologia neste país.”
Em quase 38 anos de existência, o projeto Muriqui de Caratinga já formou 75 pessoas em mestrado, doutorado ou colaborações em estudos próprios. Esse volume nos permite imaginar como o conhecimento dessa pesquisadora já foi replicado e como seus estudos influenciam cientistas no Brasil e o mundo.
FONTE: https://noticias.ambientebrasil.com.br/
Luis Rodrigo Rossete | Autor
O chamado político? Sim, ele veio, e por muitas vezes, relutei e muito, mas, quando assumo um compromisso luto até o fim por ele. Sendo assim, coloquei meu nome como pré-candidato a vereador, e tenho certeza que construirei uma história, uma carreira, onde meus deveres serão para com o povo, com honestidade, trabalhando muito e confiante na construção de uma cidade desenvolvida e uma sociedade próspera.